ENTRAR            

 


 

Texto & Contexto. ISSN:0104-0707 2017 v26n2 r26218p

 

 

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Ir a Sumario

 

 

Full text - English version

 

 

Sobrevivendo ao abuso sexual no cotidiano familiar: formas de resistência utilizadas por crianças e adolescentes

Margaret Olinda de Souza Carvalho e Lira,1 Rosane Gonçalves Nitschke,2 Adriana Diniz Rodrigues,3 Vanda Palmarella Rodrigues,4 Telmara Menezes Couto,5 Normélia Maria Freire Diniz6
1
Doutora em Enfermagem, Professora, Colegiado de Enfermagem, Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina,Pernambuco, Brasil. E-mail: olindalira@gmail.com 2Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. E-mail: rosanenitschke@gmail.com 3Doutora em Enfermagem. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Regional da Bahia. Alagoinhas, Bahia, Brasil. E-mail: adrianadinizr@gmail.com 4Doutora em Enfermagem. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. E-mail: vprodrigues@uesb.edu.br 5Doutora em Enfermagem. Professora da Escola de Enfermagem, UFBA. Salvador, Bahia, Brasil. E-mail: telmaracouto@gmail.com 6Doutora em Enfermagem. Professora da Escola de Enfermagem da UFBA. Salvador, Bahia, Brasil. E-mail: normeliadiniz@gmail.com

*Artigo extraído da tese - Quotidiano de mulheres do semiárido nordestino que sofreram abuso sexual no contexto familiar, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bolsa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), em 2015

Recebido: 25 de fevereiro de 2016
Aprovado: 08 de março de 2017

 

 

 

Cómo citar este documento

Lira, Margaret Olinda de Souza Carvalho e; Nitschke, Rosane Gonçalves; Rodrigues, Adriana Diniz; Rodrigues, Vanda Palmarella; Couto, Telmara Menezes; Diniz, Normélia Maria Freire. Sobrevivendo ao abuso sexual no cotidiano familiar: formas de resistência utilizadas por crianças e adolescentes. Texto Contexto Enferm, abr-jun 2017, 26(2). Disponible en <https://www.index-f.com/textocontexto/2017/26218p.php> Consultado el

Resumo

Objetivo: apreender formas de resistência utilizadas por crianças e adolescentes em um cotidiano familiar de abuso sexual. Método: pesquisa qualitativa desenvolvida em um Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência no semiárido de Pernambuco, com dados coletados entre junho e novembro de 2014 por meio de entrevista com nove mulheres. O processo de análise fundamentou-se em noções da Sociologia Compreensiva e do Cotidiano, com dados organizados por afinidade, interpretados e categorizados. Resultados: emergiram as categorias: ritualização do abuso sexual de crianças e adolescentes no cotidiano familiar: aceitação da vida pela passividade; camuflagens para sobreviver ao vivido de abuso sexual: silêncio, astúcia e duplo jogo; e, entre o oculto e a revelação do abuso sexual. Pode-se perceber que os episódios de abuso ocorriam em segredo e sob a ameaça dos abusadores através de gestos ou palavras intimidadoras. As vítimas não entravam em confronto com eles e para chamar a atenção ou pedir auxílio usavam artimanhas como metáforas, risos e palavras irônicas, além de despistá-los com desculpas, escondendo-se, fingindo dormir ou fugindo para a rua. Conclusão: a centralidade subterrânea presente no abuso sexual desencadeou formas de resistência em oposição à opressão gerada pelo abusador em que, para aceitação da vida, as participantes desenvolveram diferentes mecanismos de sobrevivência, além de encontrar no trabalho voluntário, música e esporte, os respiradouros para aliviar o peso gerado pela ocultação do abuso.
Descritores: Sobrevivência/ Abuso sexual na infância/ Violência contra a mulher/ Criança/ Adolescente/ Relações familiares/ Atividades cotidianas.
 

Resumen
Sobreviviendo al abuso sexual en el cotidiano familiar: formas de resistencia utilizadas por niños y adolescentes

Objetivo: aprender formas de resistencia utilizadas por niños y adolescentes en un cotidiano familiar de abuso sexual. Método: investigación cualitativa desarrollada en un Centro de Atendimiento a la Mujer en Situación de Violencia en el Semiárido de Pernambuco, con datos recolectados entre junio y noviembre de 2014, por medio de entrevista con nueve mujeres. El proceso de análisis se fundamentó en nociones de la Sociología Comprensiva y del Cotidiano, con datos organizados por afinidad, interpretados y categorizados. Resultados: emergieron las categorías: ritualización del abuso sexual de niños y adolescentes en el cotidiano familiar: aceptación de la vida por la pasividad; camuflajes para sobrevivir a lo vivido sobre el abuso sexual: silencio, astucia y doble juego, y, entre lo oculto y la revelación del abuso sexual. Puede percibirse que los episodios de abuso ocurrían en secreto y bajo la amenaza de los abusadores a través de gestos o palabras intimidantes. Las víctimas no entraban en confrontación con ellos y para llamar la atención o pedir auxilio usaban artimañas como metáforas, risas y palabras irónicas, además de despistarlos con disculpas, escondiéndose, fingiendo dormir o escapándose para la calle. Conclusión: la centralidad subterránea presente en el abuso sexual desencadenó formas de resistencia en oposición a la opresión generada por el abusador en que, para la aceptación de la vida, las participantes desarrollaron diferentes mecanismos de sobrevivencia, además de encontrar en el trabajo voluntario, música y deporte, los respiraderos para aliviar el peso generado por la ocultación del abuso.
Descriptores: Supervivencia/ Abuso sexual infantil/ Violencia contra la mujer/ Niño/ Adolescente/ Relaciones familiares/ Actividades cotidianas.
 

Abstract
Surviving sexual abuse in everyday life: forms of resistance used by children and adolescents

Objective: to understand the forms of resistance used by children and adolescent victims of sexual abuse in the everyday family routine. Method: qualitative research developed at an Assistance Center to Women in Situations of Violence in the semi-arid region of Pernambuco, with data collected between June and November of 2014 through interviews with nine women. The analysis process was based on notions of Comprehensive Sociology and Everyday Life, with data organized by affinity, interpreted and categorized. Results: the emerged categories: ritualization of sexual abuse of children and adolescents in the family routine: acceptance of destiny through passivity; Camouflage to survive the experience of sexual abuse: silence, astuteness and acting/pretending in order to escape abuse, Between hidden sexual abuse and The revelation of sexual abuse. It can be seen that episodes of abuse occurred in secret and under the threat of abusers through intimidating gestures or words. Victims did not confront them or call attention or ask for help, they used tricks like metaphors, laughs and ironic words, as well as ridiculing them with excuses, hiding, pretending to be asleep or fleeing to the street. Conclusion: the underground centrality present in sexual abuse triggered forms of resistance in opposition to the oppression generated by the abuser in which, in accepting that way of life, the participants developed different survival mechanisms, as well as participating in voluntary work, music and sports, these vents alleviate the burden of concealing the abuse.
Descriptors: Survival/ Childhood sexual abuse/ Violence against women/ Child/ Adolescent/ Family relationships/ Daily activities.
 

Referências

1. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde. Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde. Brasília (DF): MS; 2010.
2. Nudel, CR. Abuso sexual intrafamiliar: el dibujo conjunto como medio de evaluación. Lo icónico y lo plástico en el gráfico. Subjet Proc Cogn [Internet]. 2014 Dez [cited 2016 Dec 18]; 18(1):245-73. Available from:
https://dspace.uces.edu.ar:8180/xmlui/bitstream/handle/123456789/2481/Abuso_Nudel.pdf?sequence=1
3. World Health Organization. Global status report on violence prevention 2014. Geneva (SW): World Health Organization; 2014 [cited 2015 Mar 19]. Available from:
https://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/status_report/2014/report/report/en/
4. Deslandes SF, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Silva R. Atendimento à saúde de crianças e adolescentes em situação de violência sexual, em quatro capitais brasileiras. Interface. 2016 Out-Dez; 20(59):865-77.
5. Rodrigues VP, Machado JC, Simões AV, Mendes VMMP, Paiva MS, Diniz, NMF. The practice of family health strategy workers when caring for women in gender violence situations. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2014 Jul-Set [cited 2016 Dec 18]; 23(3):735-46. Available from:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072014000300735
6. Sanchez-Meca J, Rosa-Alcázar AI, López-Soler C. The psychological treatment of sexual abuse in children and adolescents: A meta-analysis. Int J Clin Health Psychol. 2011. Jan; 11(1):67-93.
7. Lima JA, Alberto MFP. Abuso sexual intrafamiliar: as mães diante da vitimação das filhas. Psicol Soc. 2012 Mai-Ago; 14(1): 412-20.
8. Arpini DM, Siqueira AC, Savenagno SDO. Trauma psíquico e abuso sexual: o olhar de meninas em situação de vulnerabilidade. Psicol Teor Prát. 2012 Abr-Jun; 14(2):88-101.
9. Franco A, Ramírez L. Abuso sexual infantil: perspectiva clínica y dilemas ético-legales. Rev Colomb Psiquiat [Internet]. 2016 Jan [cited 2016 Dec 18]; 45(1): 51-8. Available from:
https://www.elsevier.es/es-revistarevista-colombiana-psiquiatria-379-articulo-abusosexual-infantil-perspectiva-clinica-S0034745015001122
10. Maffesoli M. A dinâmica da violência. São Paulo (SP): Revista dos Tribunais; 1987.
11. Maffesoli M. O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. 4ª ed. São Paulo (SP): Forense Universitária; 2010.
12. Maffesoli M. O conhecimento comum: introdução à sociologia compreensiva. Porto Alegre (RS): Sulinas; 2010.
13. Rodríguez-Borrego MA, Nitschke RG, Prado ML, Martini JG, Guerra-Martín MD, González-Galán C. Theoretical assumptions of Maffesoli's sensitivity and problem-based learning in nursing education. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014 Mai-Jun; 22(3):504-10.
14. Lugão KVMSF, Gonçalves GE, Gomes IM, Silva VP, Jacbson LSV, Cardoso CAA, et al. Abuso sexual crônico: estudo de uma série de casos ocorridos na infância e na adolescência. DST J Bras Doenças Sex. 2012 Jul-Set; 24(3):179-82.
15. Scortegagna AS, Villemor-Amaral AE. The use of the Rorschach method in the investigation of sexual abuse of children. Rev Paidéia. 2012 Mai-Ago; 22(52): 271-9.
16. Angel M, Prado SI, Cruz AC, Ribeiro MO. Nurses' experiences caring for child victims of domestic violence: a phenomenological analysis. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2013 Jul-Set [cited 2016 Dec 18]; 22(3):585-92. Available from:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072013000300003&script=sci_arttext&tlng=en
17. Martinez-Martin N, Ruano-Maldonado S. Lo que el síntoma esconde: un caso de abuso sexual. Cuad Trab Soc [Internet]. 2013 Jan [cited 2016 Dec 18]; 26(2):305-14. Available from:
https://revistas.ucm.es/index.php/CUTS/article/view/42546/41367
18. Santoucy LB, Santos VA, Conceição MIG, Costa LF. Mulheres que denunciam violência sexual intrafamiliar. Rev Estud Fem [Internet]. 2014 Set [cited 2016 Dec 18]; 22(3):731-54. Available from:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2014000300002&lng=pt&nrm=iso>.
19. Oliveira MD, Sei MB. Abuso sexual e as contribuições da psicologia no âmbito judiciário. Barbarói [Internet]. 2015 Jul [cited 2016 Dec 18]; 2(41):4-22. Available from:
https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/3732
20. Baía PAD, Veloso MMX, Magalhães CMC. Caracterização da revelação do abuso sexual de crianças e adolescentes: negação, retratação e fatores associados. Temas Psicol. 2013 Jun; 21(1):193-202.
21. Santos SS, Dell'Aglio DD. O processo de revelação do abuso sexual na percepção de mães. Psicol Teor Prát. 2013 Jan-Abr; 15(1):50-64.
22. Arredondo V, Saavedra C, Troncoso C, Guerra C. Develación del abuso sexual en niños y niñas atendidos en la Corporación Paicabi. Rev Latino- Am Ciênc Soc Niñez Juv [Internet]. 2016 Jan [cited 2016 Dec 18]; 14(1): 385-99. Available from:
https://revistaumanizales.cinde.org.co/index.php/Revista-Latinoamericana/article/view/2368
23. Gomes AMA, Nations MK, Luz MT. Pisada como pano de chão: experiência de violência hospitalar no nordeste brasileiro. Saúde Soc 2008 Jan-Mar; 17(1): 61-72.
24. Decesaro MN, Ferraz CA. Resistance mechanisms of family members in face of a disease: a look based on everyday life sociology. Rev Enferm UFPE [Internet]. 2015 [cited 2015 Apr 03]; 9(4):7295-303. Available from:
https://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/download/6281/11882
25. Tholl AD, Nitschke RG. A ambiguidade de sentimentos vivenciados no quotidiano da equipe de enfermagem pediátrica. Rev Soc Bras Enferm Pediatr. 2012 Jul; 12(1):17-26.
26. Pereima RSMR, Reibnitz KS, Martini JG, Nitschke RG. Blood donation: mechanic solidarity versus organic solidarity. Rev Bras Enferm. 2010 Mar-Abr; 63(2):322-7.
27. Rodrigues VP, Machado JC, Santos WS, Santos MFS, Diniz NMF. Gender violence: representations of relatives. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Feb 07]; 25(4):e2770015-10. Available from:
https://www.scielo.br/pdf/tce/v25n4/0104-0707-tce-25-04-2770015.pdf

Principio de p�gina 

Pie Doc

 

RECURSOS CUIDEN

 

RECURSOS CIBERINDEX

 

FUNDACION INDEX

 

GRUPOS DE INVESTIGACION

 

CUIDEN
CUIDEN citación

REHIC Revistas incluidas
Como incluir documentos
Glosario de documentos periódicos
Glosario de documentos no periódicos
Certificar producción
 

 

Hemeroteca Cantárida
El Rincón del Investigador
Otras BDB
Campus FINDEX
Florence
Pro-AKADEMIA
Instrúye-T

 

¿Quiénes somos?
RICO Red de Centros Colaboradores
Convenios
Casa de Mágina
MINERVA Jóvenes investigadores
Publicaciones
Consultoría

 

INVESCOM Salud Comunitaria
LIC Laboratorio de Investigación Cualitativa
OEBE Observatorio de Enfermería Basada en la Evidencia
GED Investigación bibliométrica y documental
Grupo Aurora Mas de Investigación en Cuidados e Historia
FORESTOMA Living Lab Enfermería en Estomaterapia
CIBERE Consejo Iberoamericano de Editores de Revistas de Enfermería