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Revista INDEX DE ENFERMERIA (edi��o digital) ISSN: 1699-5988

 

 

 

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Significados e percepções sobre o cuidado de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva*

Leandro Barbosa de Pinho,1 Silvia Maria Azevedo dos Santos2
1
Enfermeiro. Mestre em Enfermagem pela UFSC. Doutorando em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto USP. 2Enfermeira. Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Orientadora da Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Campus Universitário, s/n - Trindade, Florianópolis SC (Brasil)

Correspondência: Leandro Barbosa de Pinho. Rua Delminda da Silveira, 729 Bloco H Ap. 103. Bairro Agronômica - CEP: 88025-500. Florianópolis SC (Brasil)

Manuscrito recebido em 20.01.2006
Manuscrito aceitado em 10.03.2006

Index de Enfermería [Index Enferm] 2006; 54: 20-24 (versão original em espanhol, número impresso)

 

 

 

 

 

 

 

Como citar este documento

 

 

Barbosa de Pinho L, Azevedo dos Santos SM. Significados e percepções sobre o cuidado de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Index de Enfermería [Index Enferm] (edição digital) 2006 54. Em </index-enfermeria/54/p6208.php> Consultado o

 

 

Resumen (Significados y Percepciones sobre el Cuidado de Enfermería en la Unidad de Cuidados Intensivos)

El estudio pretende conocer los significados e las percepciones del cuidado de enfermería en la unidad de cuidados intensivos, según la óptica de enfermeros, pacientes y familiares que les acompañan. Se trata de una investigación cualitativa y utilizamos entrevistas parcialmente estructuradas hechas con siete enfermeros, cuatro familiares y un paciente en la Unidad de Cuidados Intensivos para adultos de un hospital universitario de la provincia de Santa Catarina, Brasil. Se ha notado que el discurso de enfermeros, de familiares e del paciente refuerza la necesidad de ampliarse la dimensión del cuidado en la UCI no la centrando solamente en la técnica o en la rutina, pero todavía contemplando la participación de los vínculos y la valoración del las necesidades psicosociales de las personas. Se ha considerado que el discurso humanizador puede ayudar en el rescate de la lógica del saber integral, diminuyendo la atención biomédica y fragmentada, además de concebir el hombre como un todo, constituido de cuerpo, mente, espíritu y relaciones sociales.

 

Abstract (Meanings and perceptions about nursing care in an Intensive Care Unit)

This study aims to know the meanings and perceptions about nursing care in an Intensive Care Unit, according nurses, patients and familiar companions. This is a qualitative research, made by half-structuralized interviews applied 07 (seven) nurses, 04 (four) familiar and 01 (one) patient in the Intensive Care Unit for adults of a University Hospital of the Santa Catarina State, Brazil. We perceived that the speech of nurses, familiar and the patient strengthens the necessity to extend the dimension of the care in the ICU for beyond the technique and the routine, contemplating the participation of the bonds and the valuation of the psychosocial necessities of the people. We considered that the humanizator speech can help in the rescue of the logic of knowing integral, diminishing the biomedical and broken up attention, and conceiving the man as a whole, constituted of body, lain, spirit and social relations.

 

 

 

 

*Recorte da Dissertação intitulada "O cuidado de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva: contradições entre o discurso e a prática profissional", apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC como requisito para a obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Introdução

     Toda situação de doença pode-nos gerar certa insegurança. Mesmo assim, é esperado que ela seja passageira, que não inviabilize nossos projetos de vida, que não atrapalhe nossos planos. No entanto, está claro que qualquer doença afeta não somente a pessoa doente, como também a sua família e as pessoas que a rodeiam. Tal situação se complica com a gravidade de um quadro clínico que exija tratamento especializado e, muitas vezes, intensivo.
     A doença grave, na maioria das vezes, prescinde da hospitalização em uma unidade de tratamento intensivo (UTI), favorecendo o aparecimento de perspectivas mais ameaçadoras no que tange às necessidades psicoemocionais de pacientes e familiares. O abalo físico-emocional é maior, tanto no paciente como em sua família; os sentimentos negativos aparecem de forma quase que intermitente, pois há risco de vida iminente, e eles passam a pensar na possibilidade da morte. Essa experiência não só altera a rotina de vida do paciente e de sua família, como também faz emergir significados, percepções sobre o ambiente, sobre o atendimento e sobre a realidade institucional de cuidados.
     A enfermidade vivenciada por uma pessoa não afeta apenas o seu físico, mas afeta inclusive a sua própria identidade. A doença que a acomete lhe causa um sofrimento que também atinge uma dimensão psicossocial. Por sermos seres humanos, não deixamos de sentir, de ficar preocupados com o que aceitamos ou não, com o que é culturalmente ou socialmente aceito, quando estamos doentes. É importante, portanto, que o cuidado compreenda não somente o que o homem pensa, mas também o que ele sente1.
     O cuidado pode ser capaz de transcender a técnica, especialmente porque ele engloba outras dimensões, como a família, as necessidades psicoemocionais, a comunidade, as relações interpessoais e interprofissionais, o afeto, a escuta, a política/filosofia institucional, entre outras. Ele está relacionado à dimensão ontológica e epistemológica do ser humano, sendo um processo que determina as ações, o verdadeiro "estar-no-mundo", faz parte de nós como seres humanos que nos relacionamos, enfrentamos dificuldades, conhecemos o mundo, a nós mesmos, nossas possibilidades, necessidades e limitações. O ato de cuidar aparece com um significado para o ser humano, que pode classificá-lo de acordo com a sua maneira de viver2.
     Cuidar é mais que um ato, é uma atitude para com o outro, um "modo-de-ser" que representa as intenções, as expectativas e as necessidades de ser e estar inserido em um ethos**, na realidade concreta do mundo. O cuidado compreende um saber-fazer, um conhecer a si e ao outro, em um envolvimento inteligível de compaixão, de amor e de comprometimento, que permita às pessoas contemplar a natureza humana e as suas particularidades com relação à ela3.

** Ethos contempla um conjunto de princípios, regras, rotinas que, transculturalmente, regem o comportamento humano para que este humano seja um ser consciente, socialmente livre e responsável pelos seus atos e pelas suas atitudes3. Assim, pensamos no cuidado como um ethos na medida em que se desenvolve como uma atitude, uma relação de responsabilidade inter-humana para satisfazer, conhecer e compartilhar experiências e comportamentos com as outras pessoas.

     Entendemos que, por mais que se pense nas diferentes estratégias de intervenção sobre o processo de adoecimento, é importante considerar que o cuidado deve compreender os indivíduos em sua totalidade, não devendo ser unicamente reduzido à execução de tarefas. Acreditamos que se possa ampliar o atendimento em saúde para uma dimensão de cuidado que visualize o ser por inteiro, ou seja, que busque a humanização do atendimento. Nessa perspectiva, pensamos ser a enfermagem uma das profissões da saúde que pode ajudar nessa concretização.
     Assim sendo, o presente estudo pretende conhecer os significados e as percepções sobre o cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva, segundo a visão de enfermeiros, pacientes e familiares acompanhantes.

Metodologia

     Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada com 07 (sete) enfermeiros, 04 (quatro) familiares e 01 (um) paciente na Unidade de Terapia Intensiva de adultos de um Hospital Universitário do Estado de Santa Catarina, Brasil. Para tanto, foi encaminhado um documento, juntamente com o projeto, para o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, e recebemos o parecer favorável ao desenvolvimento do estudo.
     Os dados que subsidiaram a discussão deste estudo partiram da análise de entrevistas semi-estruturadas aplicadas aos sujeitos. Construímos um roteiro específico para enfermeiros e outro para os familiares acompanhantes e o paciente. Para a análise desses dados, fizemos leituras e re-leituras dos textos gerados pelas entrevistas, até chegar às categorias que mais apontassem o que estava sendo dito pelos informantes. Na etapa seguinte, quando já iniciávamos a fazer inferências e interpretações, construímos os eixos de discussão, sendo, neste estudo, trabalhada a questão dos significados e das percepções sobre o atendimento na unidade de terapia intensiva.
     Foi também garantido o anonimato dos sujeitos investigados, assim como respeitada a decisão de desistência por parte dos pesquisados, conforme Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Resolução 196/96 do Ministério da Saúde e Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Para tanto, os enfermeiros foram identificados com a letra "E" seguida de sua ordem na entrevista (por exemplo, E2). Os familiares, da mesma forma, foram identificados com a letra "F" e o paciente investigado com a letra "P".

Resultados e Discussões

     Abordando o ambiente de UTI, entendemos que as pessoas que, por algum motivo, precisam de atendimento especializado nessa unidade, carecem de atenção integral. Quando falamos em atendimento integral, observamos dessa forma a interlocução de cuidados curativos e solidários, com vistas à minimização das tensões e inseguranças emocionais que esses ambientes geram.
     Nesse sentido, a importância relevada na função do profissional de saúde tem suas justificativas. Toda equipe que trabalhe em prol da recuperação/reabilitação de uma pessoa, também deve, igualmente, trabalhar com a dor e o sofrimento imposto pela condição de doença grave. Além de prestar atendimento ao paciente sob o risco constante de morte, deve acolher a família, que, sendo uma extensão da vida do paciente e estando do lado de fora da UTI, tenta reunir forças para conscientizar-se da situação, à espera de uma notícia, de um contato com o seu parente.
     A família é a base do convívio social das pessoas. É através dela que aprendemos a pensar, agir, reagir, recebendo ensinamentos éticos, morais, religiosos, enfim, construindo nossa personalidade e maneiras de ver e viver no mundo externo. Família é mais que uma simples reunião de pessoas, mas constitui-se em um todo único, ou seja, um sistema complexo originado a partir de pessoas que adotam uma característica singular de se manifestar e entender a vida4-5.
     A família é o ambiente em que a pessoa recebe todo o apoio afetivo, psicológico, valores humanos e éticos, além de outras ferramentas necessárias para seu pleno desenvolvimento físico e mental. Os eventos do cotidiano são fatores que exercem forte influência na manutenção do equilíbrio familiar. Por isso, no momento em que um de seus membros vivencia algum evento adverso, alheio às suas experiências, pode ocasionar-se um desequilíbrio na família como um todo6.
     Pensamos a família como sendo uma rede de relações inerente ao ser humano. De alguma forma, convivemos com ela, fazemos ou fizemos parte dela, construímos nossa trajetória de vida muitas vezes junto a ela, em quase todos os momentos de nosso processo de viver. Na doença, por exemplo, necessitamos de sua maior aproximação e, geralmente, ela também acaba sentindo todas as nossas angústias, os nossos medos e as nossas inseguranças. Trata-se de uma unidade social, englobando um complexo sistema de relações inter-humanas, nas quais o homem se cria, humaniza-se, desenvolve-se, vincula-se, interage com outros homens. Mesmo que na UTI exista um maior contato dos profissionais com os pacientes, é importante salientar a família como uma unidade a ser considerada no plano/projeto terapêutico, em se tratando de uma perspectiva humanizadora de atenção à saúde.
     O termo "humanização" vem sendo usado amplamente na área da saúde, constituindo-se em um conjunto de iniciativas que se caracterizam pela qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento do paciente como co-partícipe do plano terapêutico, como um indivíduo permeado por subjetividades e referências culturais. Embora em nosso meio seja difundido o termo "humanização", ele parece apresentar ambigüidades, já que se pode subentender que as práticas em saúde seriam desumanizadas ou não feitas para seres humanos7.
     Mesmo que essas considerações nos tragam algumas inquietações a respeito do termo "humanização", reafirmamos a utilização do termo "humanizar o cuidado" no sentido de se dar o devido valor ao outro, reconhecendo a sua integralidade, o seu sofrimento, as suas necessidades e as suas expectativas. Trata-se de um compromisso ético do profissional de saúde, além de uma positiva possibilidade de fortalecer os elos afetivos com pacientes e familiares acompanhantes.
     As famílias e os pacientes que vivenciam o processo de internamento na UTI têm suas inquietações sobre o atendimento desveladas na constituição de um "senso comum" sobre o atendimento intensivo. O referido senso comum parece contemplar as representações sobre o ambiente, as expectativas com o sucesso ou o fracasso das tentativas de recuperação, além da construção de uma realidade imaginal como um misto de ambivalências, situadas entre a recuperação da vida e o risco da morte. As falas seguintes expressam essa condição:

"Eu comecei a ter problemas sérios com respiração, falta de ar, e aí quando veio a notícia de que você vai pra UTI, bom, aí eu fiquei 2 vezes sem chão de baixo dos pés... é um processo complicado, até porque tudo que liga a palavra UTI está muito desgastado negativamente" (P1).

"Como ele ficou mais tempo, ele era o paciente mais antigo, todo mundo já tinha ou saído ou morrido, então a gente acabou tendo contato com algumas pessoas. Eu mudei o meu conceito de UTI, não sei se as outras são assim, mas eu mudei um pouco assim, eu achei que ele estava totalmente cuidado..." (F1).

"Eu sofri mais depois que o pai deixou de ser sedado, enquanto ele estava sedado ele estava mais tranqüilo. A impressão que eu tinha é que ele não ia sofrer, porque o tempo não passa lá dentro. Pra nós, na visita, passava voando, mas pra eles não. Sem falar que na UTI morre o paciente do lado, essas coisas. No primeiro dia que a gente chegou o pai escreveu "meu colega de UTI morreu". Puxa, tu estás mal pra caramba e o cara morre. A minha impressão de parente é essa, que a sedação na UTI seria boa" (F2).

"Eu já passei por momentos difíceis assim, então é difícil você chegar pra pessoa e perguntar, porque dói dentro da gente, porque é uma pessoa que não está bem [...] eu nunca tinha visto uma pessoa toda entubada, dessa maneira assim, cheia de aparelhos. Minha mãe faleceu em hospital pequeno, então não tinha nem UTI [...] eu sei que é muito triste a gente ver a pessoa assim..." (F3).

     A UTI é culturalmente vinculada à idéia de sofrimento e morte iminente, por pacientes e familiares. Na verdade, por ser uma unidade do hospital que se dedica ao atendimento crítico, ou seja, aos casos em que há gravidade e que exigem serviços constantes e especializados, esse tipo de imagem mitificada denota certa faceta de realidade8.
     A eficácia terapêutica de hoje cada vez mais se diferencia com vigor e afinco, em função das novas drogas, dos novos equipamentos médico-hospitalares e dos diagnósticos mais precisos. Esses fatores são responsáveis pela minimização de quadros de doença até antigamente não-solucionáveis. Nesse sentido, é presumível que a atenção médica continue centrada no diagnóstico, nos prognósticos, na terapêutica da doença e na reversão do quadro9.
     Entendemos que a abordagem biomédica influencia sobremaneira as práticas de cuidado na UTI, sendo importante para a otimização do estado de recuperação/reabilitação das pessoas que por um motivo precisam de atendimento intensivo. Nas falas anteriores, no entanto, é possível perceber que a referida atenção biomédica, altamente tecnologizada, parece favorecer a cristalização desse senso comum de caráter negativo sobre o cuidado intensivo, que orienta o imaginário das pessoas e que, acreditamos, somente pode ser redimensionado com a inversão do atendimento centrado na doença para um atendimento centrado no doente e em suas solicitações.
     Os enfermeiros na UTI parecem perceber essa necessidade de trabalhar visando à re-significação do senso comum que perpassa os cuidados intensivos. Na medida em que eles têm uma concepção humanizada do atendimento, eles parecem compreender que o cuidado contempla uma dimensão complexa em que a família também faça parte do tratamento como uma extensão dos pacientes. Essa realidade fica característica dentro do discurso defendido pelos enfermeiros sobre o significado que eles atribuem ao cuidado de enfermagem. Para eles, cuidar é dar sentido às experiências do outro, reconhecer o valor do sofrimento e acolher a família em suas inquietações. Os relatos a seguir mostram essa tendência:

"Cuidado é muito abrangente, pega tudo. No cuidado em uma UTI eu tenho que ter desde com os meus companheiros de trabalho, até com os pacientes, com os outros funcionários de outros setores, com os parentes desses pacientes, então eu vejo como uma coisa bem ampla, não só o cuidado restrito ao paciente... Para ter um bom ambiente de trabalho. Então cuidado pra mim é tudo, desde o bom relacionamento até o cuidado em si com o paciente" (E1).

"É tudo que eu posso fazer por um ser humano que na maioria das vezes não pode fazer por ele mesmo, até pode, mas precisa de ajuda, então é aquilo que eu posso fazer pelas pessoas, seria uma definição minha de cuidado, então, observar aquilo que a pessoa precisa, a necessidade dela e tentar trabalhar em cima do que ela necessita" (E6).

"Na verdade, quando se está aqui, se está sob teu cuidado, teu cuidado total. Tu és responsável por tudo. Na verdade envolve tudo, psico, social, religioso, e por aí vai. Qualquer coisinha que se faça no paciente é cuidado. Qualquer atendimento, até ouvir o paciente que seja uma lorota é um cuidado, às vezes ajeitar um travesseiro é um cuidado" (E7).

     O ambiente de atendimento intensivo, por mais estressante e agressivo que possa parecer, oferece uma possibilidade ímpar para a prestação de um cuidado globalizado, voltado não somente à objetividade do atendimento, como também à subjetividade do paciente. O olhar, os gestos, a preocupação com o doente e o compromisso emocional são alternativas eficazes para se estabelecer um elo de ligação com quem sofre, além de poder romper com um paradigma biomédico que dita o ser humano como o corpo doente que necessita ser restaurado do desequilíbrio, sendo objeto de controle pelos profissionais10-11.
     A valorização da história de vida da pessoa, de seu entendimento sobre as práticas de cuidado, de suas necessidades imediatas/mediatas e a sua inserção no processo terapêutico pode redimensionar o senso comum sobre o processo de adoecimento, integralizando a assistência. A referida integralização em saúde parte do pressuposto de que o homem é um ser único, indivisível, que se relaciona, possui conhecimentos prévios (mesmo que considerados empíricos pela ciência) sobre sua saúde e alternativas de tratamento. Assim, valorizá-lo por inteiro pode auxiliar no estabelecimento da confiança do doente no profissional, além de criar uma nova concepção sobre saúde/doença e sobre o cuidado do ser humano nesse contexto12-13.
     Percebemos que o valor atribuído pelos enfermeiros ao cuidado se destaca no envolvimento emocional e no comprometimento para com o outro, no sentido de minimizar sofrimentos, acolher as expectativas negativas e as inseguranças/inquietações. Acreditamos que o discurso convergente sobre o cuidado, por parte dos profissionais, pode ajudar no resgate do espaço social da UTI como cenário promotor de um discurso e de uma prática tecnicista, mas também voltada à compreensão das necessidades psicossociais e dos significados do processo de adoecer/viver/morrer, para pacientes e familiares.
     O discurso dos enfermeiros acerca do que seja cuidado, de certa forma, vai ao encontro das necessidades de cuidado de pacientes e de familiares acompanhantes. Para estes, o cuidado parece contemplar parte do seu sofrimento e de suas demandas psicoemocionais durante o processo de internamento na UTI. Os familiares acompanhantes e pacientes entendem também o cuidado como uma relação que não se encerra na mera reprodução de tarefas, mas engloba o envolver-se afetivamente, comprometer-se, acolher as ansiedades e, mais do que tudo, aproximar pacientes e famílias que se encontram distanciados temporariamente:

"Cuidado é tu querer estar com a pessoa de tal maneira que se tu pudesses, tu sentias a dor por ela, sabe? A gente queria cuidar, queria ficar a noite com ele, pra poder cuidar, pra poder chamar o enfermeiro com qualquer coisa que precisasse. Às vezes deixar o cuidado pro outro é difícil, tu vais embora e deixa o enfermeiro cuidando do teu pai, sabe? É difícil isso pra mim, porque tu não sabes se ele vai cuidar da mesma maneira que tu cuidarias... se eu pudesse me dividir, eu morro de medo de agulhas (risos), mas eu dava o meu braço pra ele não sentir aquela dor toda" (F1).

"É fazer pelo bem-estar do outro o melhor que eu posso, e dar dentro das minhas condições o todo necessário. Cuidar é nas mais diferentes áreas, na área do corpo, na área do espírito da pessoa, na área da psique da pessoa. Colocar-se no lugar do outro e entendê-la, fazendo o melhor que eu posso. Eu acho que isso é cuidado" (F2).

"Eu acho que, quando passou o impacto da UTI, eu fui recebido em um ambiente surpreendentemente acolhedor. Descobri também que a UTI é um misto da maquinaria com o ser humano. A gente está lá ligado nas máquinas, depende daquelas máquinas, mas a máquina é fria, e aí entra o enfermeiro, o auxiliar, entra o médico, entra o fisioterapeuta, e eles dão o calor. Eles misturam o calor à capacidade da máquina, o que acaba sendo um processo muito interessante na vida..." (P1).

     Dentro dessas novas possibilidades de agir em saúde, o vínculo e o acolhimento entram como expressões de cuidado que possibilitam reconhecer o ser humano em sua integralidade***. Em especial, os autores citam o vínculo e o acolhimento como instrumentos de cuidado em saúde, necessários à compreensão da história de vida do doente, de suas necessidades, além de possibilitarem compartilhar com o ser humano suas experiências, devolvendo-lhe a autonomia necessária e o poder de decisão nas instâncias de saúde14-15.

*** A atenção integral refere-se ao conjunto de estratégias definidoras de saúde para compreender a dimensão do ser por inteiro, um conceito polissêmico que engloba o direito do acesso aos serviços, a organização dos saberes e das práticas em saúde, o trabalho interdisciplinar, as experiências do usuário, bem como o redimensionamento dos serviços para o atendimento em torno de uma lógica usuário-centrada. A integralidade vem ao encontro de uma proposta plural de reconhecimento dos sentidos da vida, de co-responsabilização do usuário para o cuidado, além de ser um compromisso ético do profissional de saúde no intuito de diminuir a atuação profissional centrada na clínica biomédica. Isso pode fazer com que os referidos profissionais se tornem mais sensíveis para a utilização do vínculo, do acolhimento e do relacionamento terapêutico como instrumentos de humanização do atendimento na saúde16.

     O vínculo e o acolhimento - nesse contexto ainda insiro o relacionamento terapêutico - são formas de expressão e cuidado que resgatam as concepções de prática de saúde em defesa da vida, compreendendo o ser humano em toda sua integralidade, unicidade e dinamicidade. Surgem como alternativas teórico-metodológicas para a prestação de um cuidado solidário, compromissado e, portanto, humanizado. São formas de expressão que incorporam uma necessidade emergente de combater a contradição nos serviços de saúde que ainda trabalham sob a ótica da medicina curativa e impessoal14.
     As necessidades de saúde de pacientes e familiares dependem única e exclusivamente dos sujeitos envolvidos no processo: clientes e profissionais. O paciente que precisa ser atendido traz o problema ao profissional. Este, dentro do possível, tentará resolvê-lo, com base em seu saber científico e tecnológico. O cliente que procura o atendimento espera que o trabalhador o acolha, de maneira a poder atuar satisfatoriamente sobre o seu sofrimento, seu problema. Nesse sentido, pode-se entender que a reinvenção das práticas em saúde acontece quando o profissional se apodera de seu saber científico e o une à complexidade das concepções humanas, vistas com base nas mais diversas correntes epistemológicas14.
     Percebemos que a receptividade calorosa, o comprometimento com seu momento de sofrimento e o entendimento das reações físico-emocionais de pacientes e familiares acompanhantes podem resgatar uma prática de cuidado centrada na valorização do modo de viver dessas pessoas, humanizando, dessa forma, o atendimento. A humanização do atendimento nos possibilita pensar nas práticas de cuidado com a adoção de posturas empáticas intersubjetivas, compromisso interpessoal, com a participação da família e da comunidade nas ações. Tais atitudes podem permitir o reconhecimento do cliente como ser participante do processo terapêutico, autônomo, livre, que tem necessidades específicas, além de direitos e solicitações.
     O lugar do paciente é no centro do processo terapêutico. Deve-se deixar emergirem suas idéias, seus conceitos, suas visões de mundo, concordâncias, discordâncias, sentimentos e demandas. A comunicação e o relacionamento interpessoal devem pautar o atendimento em saúde, uma vez que são importantes instrumentos para viabilizarem o resgate da experiência e do significado da doença para o paciente, favorecendo, assim, o entendimento do enfermeiro acerca do processo de sofrimento de seu paciente, de suas necessidades no momento, respeitando-o como um ser único e irreduzível17.
     Em se tratando das relações interpessoais, o relacionamento terapêutico se constitui em um instrumento que favorece o alívio do sofrimento humano causado pela hospitalização e pela gravidade do quadro. Baseia-se num conjunto de saberes e práticas destinado ao cuidado do ser humano, respeitando toda sua complexidade, suas limitações e potencialidades. Trata-se de uma expressão de cuidado que vem sendo considerada como parte dos cuidados de enfermagem, porque resgata o papel do ser humano como integrante ativo do processo terapêutico18-19. A enfermagem, ao utilizá-la como instrumento de seu cuidado, pode reconhecer a inteireza de ser humano, suas vicissitudes, limitações, potencialidades e possibilidades, fato este que parece acontecer no cenário da terapia intensiva, como demonstrado nos seguintes relatos dos familiares:

"A impressão que me deu é que os médicos eram um pouco mais distante da gente, eles foram muito legais, mas eles eram mais distantes... Os enfermeiros eu achei muito mais humanos, a impressão que dava era que além de preocupar com o paciente, eles estavam preocupados com a gente lá fora, tentando dar notícias, tentando humanizar um pouco aquilo ali, porque a UTI não tem nada de humano..." (F1).

"Lá dentro eu tenho dito, a pessoa está quase que a mercê daquelas máquinas todas, e eu sou muito grata por essa capacidade que os homens desenvolveram tudo isso... Só que é muito frio. Você ligado numa máquina é uma coisa fria, e aí entra justamente o contato das pessoas lá dentro, porque tira o fato da frieza e põe o calor humano..." (F2).

"É a primeira vez que eu entro em uma UTI, mas eu fui bem atendida, um rapaz veio e conversou comigo. Eu tentei conversar mais com ele, mas ele me disse que o Antonio estava dopado porque estava muito agitado. Aí eu fiquei observando, porque tu não podes fazer mais nada, e pedindo a Deus pra que ele tenha misericórdia, que ele volte pra casa..." (F3).

"Eu estou percebendo bastante que ele está bem cuidado, mas eu não posso acompanhar todas as visitas, porque eu trabalho, mas ele está bem cuidado, com higiene. Ontem perguntaram se podiam cortar o cabelo dele, eu disse que sim, porque não podem deixar também pra contaminar, né? Isso eu achei bem bom, sabe?" (F4).

"...o pessoal durante a semana está sempre junto, param ali, conversam um pouco, perguntam, explicam alguma coisa sobre os aparelhos quando tu perguntas, pra mim foi 100%... Até o pessoal da noite, que eu vim umas 2x, foi bem tranqüilo" (F5).

     Os relatos apontam para uma tendência para se lidar com a dor e com o sofrimento através do apoio físico-emocional, do "estar ao lado" para atender as solicitações, as dúvidas, e da disponibilidade pessoal para tal feito. O trabalho sobre o acolhimento, o vínculo e o relacionamento terapêutico, com base em tecnologias leves, pode resgatar um saber-fazer humanizado, como possibilidade de valoração do sofrimento humano e dos significados atribuídos pelos sujeitos à experiência de adoecimento na UTI. A utilização de tecnologias leves no cuidado às pessoas e aos familiares acompanhantes na UTI parece dar importância ao modo de viver dos sujeitos, resgatando uma prática assistencial em que a subjetividade do doente também faz parte do processo terapêutico. Isso é importante no momento em que se re-discute as concepções de saúde-doença no contexto de trabalho na saúde, quando o mais relevante não é só a patologia, mas uma associação dessa patologia com as experiências das pessoas e as suas singularidades com relação a ela.
     O encontro, a relação dialógica, o espaço dialógico servem como estratégia principal que leva ao reconhecimento interno das pessoas. O homem apenas pode estabelecer relação dialógica, na medida em que ele é a totalidade que age20:32: "O homem se torna EU na relação com o TU. O face-a-face aparece e se desvanece, os eventos de relação se condensam e se dissimulam e é nesta alternância que a consciência do parceiro, que permanece o mesmo, que a consciência do EU se esclarece e aumenta cada vez mais."
     Um relacionamento dialógico entre duas pessoas permite o autoconhecimento e o heteroconhecimento. Toda a vida é um momento de encontro, e, desse encontro, surgem as relações dialógicas. Para isso, o homem precisa se conhecer como homem, entrar-em-relação com o mundo em toda sua totalidade, aceitando o outro, também em sua totalidade e unicidade. Assim ocorre o desenvolvimento de uma responsabilidade genuína, que só existe onde existe o responder verdadeiro20.
     Percebemos que as relações interpessoais que se baseiam no acolhimento, no vínculo e no relacionamento terapêutico podem criar um "processo de cuidar humanizado" na UTI, que se torna relevante para a diminuição dos medos, das inseguranças e dos conflitos psíquicos pelos quais os acompanhantes e os pacientes passam, ao se depararem com a necessidade de internamento intensivo. As relações pessoa-pessoa, presentes no discurso, sugerem a intenção de, na prática, organizar a lógica do processo de trabalho, centrando-o nessas características, além de uma diluição de cargos e hierarquias, colocando as pessoas que trabalham em contato horizontal com as pessoas que vivenciam um momento de sofrimento em suas vidas.
     O contato criado na condição de "Eu-Tu", de relações pessoa-pessoa, é um recurso externo do "estar-inserido-no-mundo", já que, no processo interacional, profissional e pessoa se fundem numa filosofia de vida em que o primeiro se torna co-autor de um contexto dialógico e das construções discursivas das histórias de seus clientes21.
     O diálogo é um fenômeno inter-humano, essencial na produção das relações interpessoais. Ele não se caracteriza somente pela concepção relacional do homem para com o homem, mas também pelo seu próprio comportamento, sua doação ao outro e sua reciprocidade quanto a uma ação interior: "O diálogo não se limita ao tráfego dos homens entre si; ele é... um comportamento dos homens um-para-com-o-outro, que é apenas representado no seu tráfego." A esfera do face-a-face é o caminho para o inter-humano, para o desdobramento do encontro dialógico. Uma relação dialógica ocorre quando o homem exprime, com ou sem a necessidade de palavras, seu eu interior, sua capacidade de se entender, de se sentir, de ser ele mesmo no mundo. "Dois homens que estão dialogicamente ligados devem estar obviamente voltados um-para-o-outro"21:40-41.
     O profissional deve ser autêntico, sincero, empático e demonstrar comprometimento com a realidade do cliente. A autenticidade, a sinceridade e o comprometimento permitem ao profissional desvelar um profundo entendimento da vida íntima do cliente, para que possa ajudá-lo. Conforme o autor, ser empático significa experimentar o cliente, ou seja, imergir nele e compartilhar de suas vivências e atitudes, respeitando-o em sua individualidade. O profissional deve perceber todos os ódios, os medos, as dúvidas e as esperanças através de uma identificação empática, não simplesmente emocional, sem, contudo, experimentar ele próprio esses sentimentos, como se também fossem parte dele22.
     Como se pôde perceber, o cuidado é uma dimensão que aparece no discurso dos enfermeiros e converge para com as necessidades de pacientes e de familiares. Por mais que a UTI seja um ambiente frio, mecanicista, em que grande parte dos cuidados são centralizados na técnica e nas rotinas, a presença de um discurso humanizador por parte dos enfermeiros sugere a possível reorganização dos saberes e das práticas em torno da construção de uma política de atendimento que esclareça as vicissitudes da vida e as variedades de manifestações do adoecimento para promover saúde. Acreditamos que a contemplação do atendimento humanizado pode resgatar a lógica do saber integral, diminuindo a atenção biomédica, fragmentária, e concebendo o homem como um todo, singular, dotado de corpo, mente, espírito e relações sociais.

Considerações Finais

     Os relatos de enfermeiros e familiares têm uma definição interessante sobre o cuidado implementado na UTI. Para os enfermeiros, é importante que se pense em um cuidado integral, com base no atendimento centrado nas demandas dos sujeitos em sua complexidade biopsicossocial.
     Já com relação ao discurso dos sujeitos que experienciam o cuidado de enfermagem, sentimos que ele dá vazão às suas necessidades psicoemocionais durante o processo de internamento na UTI. Também parecem levantar uma dimensão prática da realidade institucional de cuidados, quando se aproxima e complementa o discurso dos enfermeiros que trabalham na unidade.
    Percebemos que a UTI pode servir como cenário de inquietações e inseguranças para pacientes e familiares, assim como um espaço de redimensionamento das habilidades pessoais para que os enfermeiros possam lidar melhor e de uma maneira mais humanizada com os encargos do sofrimento gerado pela condição de doença grave. Assim, entendemos que o cuidado, na UTI, parece vir contemplando uma espiral em que se mesclam demandas, expectativas e possibilidades, o que promove a constante transformação do contexto assistencial, das pessoas que nele trabalham e das pessoas cuidadas na unidade.

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