ENTRAR            

REVISÃO

Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online [R de Pesq: cuidado é fundamental Online -Bra-] 2015 jan-mar; 7(1): 2072-2082  Recebido em: 29/05/2011 Revisões requeridas: Não Aprovado em: 22/11/2011 Publicado em: 01/01/2015

Sofrimento e precarização do trabalho em enfermagem   Marilei de Melo Tavares e Souza,1 Joanir Pereira Passos,2 Cláudia Mara Melo Tavares3   (1) Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências - PPGENFBIO da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/ UNIRIO. Professora Assistente na Universidade Severino Sombra - USS. Professora do Curso de Pós-graduação em Enfermagem do Trabalho na Universidade Federal Fluminense - UFF. (2) Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo. Professor Associado da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora do Mestrado Acadêmico em Enfermagem - PPGENF/UNIRIO e Orientadora no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (Doutorado) - PPGENFBIO/UNIRIO. (3) Pós-doutora pela USP-SP. Doutora em Enfermagem. Professora Titular da Universidade Federal Fluminense, Coordenadora do Mestrado Profissional Ensino na Saúde e Orientadora no Programa de Pós-graduação em Ciências do Cuidado em Saúde (Mestrado e Doutorado) - UFF

Resumo

Objetivo: O presente ensaio teórico visa analisar o trabalho de enfermagem em sua dupla face: a que produz prazer, porque permite criar e transformar a realidade, e, nas sociedades capitalistas, a que produz sofrimento, porque limita as possibilidades humanas de escolha, criação e prazer. Método: Utiliza-se uma perspectiva crítica e reflexiva teórica sobre o que há de específico no trabalho de cuidar em enfermagem. Resultados: De forma geral, os trabalhadores têm suas possibilidades constrangidas pelo modo de produção capitalista, especialmente os do setor privado, também é verdade que o trabalho em enfermagem tem suas especificidades. O ato de cuidar é inseparável do seu consumo por usuários dos serviços de saúde. Conclusão: As contradições e dificuldades que permeiam o processo de trabalho em enfermagem na contemporaneidade, compreendidas como parte de um contexto maior em que se insere o mundo do trabalho hoje. Para compreendermos a precarização do trabalho na enfermagem.
Descritores: Enfermagem/ Saúde do trabalhador/ Atenção à saúde.
 

Resumen
Sufrimiento y precariedad del trabajo en enfermeira

Objetivo: El actual análisis teórico tiene como objetivo analizar el trabajo del cuidado en su doble función: el que produce placer, porque permite crear y transformar la realidad, y, en las sociedades capitalista, el que produce el sufrimiento, porque limita las posibilidades humanas de de elección, creación y placer. Método: Se utiliza una perspectiva crítica y teórica reflexiva en lo que tiene de específico en el trabajo de cuidar en enfermería. Resultados: De forma general, los trabajadores tienen sus posibilidades constreñidas de las posibilidades por la manera de la producción capitalista, especialmente del sector privado, también son verdad que el trabajo en enfermería tiene sus especificidades. El acto de cuidar es inseparable de su consumición para los usuarios de los servicios médicos. Conclusión: Las contradicciones y las dificultades que perpasan el proceso del trabajo en el cuidado en la contemporaneidade se entiende como parte de un contexto más grande en que se inserta el mundo del trabajo hoy. Para entender la precariedad del trabajo en el enfermería.
Descriptores: Enfermería/ Salud laboral/ Atención a la salud.
 

Abstract
Suffering and precariousness at work in nursing

Objective: This present theoretical essay aims at analyzing the work of nursing in a double-sided way: that which produces pleasure because it allows creating and transforming reality, and that which produces suffering in capitalist societies because it limits the human possibilities of choice, creation, and enjoyment. Method: This study uses a reflexive and theoretical critical perspective about what is specific in the work of caring in nursing. Results: Generally, workers have their possibilities constrained by the capitalist mode of production, especially those in the private sector; however, the work in nursing has its specificities. The act of caring is inseparable from its consumption by users of health services. Conclusion: The contradictions and difficulties that permeate the process of nursing work in contemporary times are understood as part of a larger context in the world of work today. To understand the precariousness at work in nursing.
Descriptors: Nursing/ Occupational health/ Attention to health.
 

Referências

1. Antunes, R. Adeus ao trabalho? São Paulo (SP): Cortez/EDUNICAMP; 1995.

2. Dejours C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5ªed. ampliada. São Paulo: Cortez-Oboré, 1992.

3. Scharaiber LB. O médico e seu trabalho. São Paulo: Ed. Hucitec, 1993.

4. Eibenschtz CH. Atención a la salud y poder ciudadano: elementos clave en la articulación público/privado. In: EIBENSCHUTZ, C.H. (org.) Política de Saúde: o público e o privado. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 1995.

5. Mendes EV. Uma ajuda para a saúde. São Paulo: Ed. Hucitec, 1996.

6. Mendes R, Dias EC. Da medicina do trabalho à Saúde do trabalhador. Rev.Saúde Pública., São Paulo, 25(5): 341-9, 1991. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsp/v25n5/03.pdf

7. Pierantoni CR, Varella TC, Santos MR, França T, Garcia, AC. Gestão do trabalho e da educação em saúde: recursos humanos em duas décadas do SUS. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 18 [4 ]: 685-704, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312008000400005&script=sci_arttext

8. Antunes R. O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do Trabalho. São Paulo: Boitempo, 2005.

9. Pires D. Novas formas de organização do trabalho em saúde e enfermagem. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v.13, p. 83-92, 2000.

10. Marx K. Posfácio da 2ª edição. In O capital (livro 1, vol. 1). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

11. Germano RM. Educação e ideologia da enfermagem no Brasil. 2ª. Ed. São Paulo: Cortez, 1985.

12. Almeida MCP. A Formação do Enfermeiro frente à Reforma Sanitária. Cadernos de Saúde Pública, RJ, 2(4): 505-510, out/dez, 1986. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1986000400010

13. Deluiz N. Qualificação, competência e certificação: visão do mundo do trabalho. In: Ministério da Saúde. Formação: Projeto de profissionalização dos trabalhadores da área de enfermagem. Brasília: Ministério da Saúde, v.1,n.2, p.5-15, 2001.

14. Tavares CMM. Paradigmas das diretrizes curriculares e a enfermagem. Cad CE ; 4: 121-127, 2002.

15. Melo C. Divisão social do trabalho e enfermagem. São Paulo (SP): Cortez Ed.; 1986.

16. Antunes R. A dialética do trabalho. São Paulo (SP): Expressão Popular, 2004.

17. Antunes R. Os modos de ser da informalidade: rumo a uma nova era da precarização estrutural do trabalho? Revista PRAIAVERMELHA . Rio de Janeiro. v. 20 nº 1, p. 11-20, Jan-Jun, 2010. Disponível em: https://web.intranet.ess.ufrj.br/ejornal/index.php/praiavermalha/article/viewFile/139/90

18. Bourdieu P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.

19. Bourdieu P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1987.

20. Foucault M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

21. Mattos R A. Integridade, Trabalho, Saúde e Formação Profissional: algumas reflexões críticas feitas com base na defesa de alguns valores. In: Estado, Sociedade e formação profissional em saúde: contradições e desafios em 20 anos de SUS. / organizado por Gustavo Corrêa Matta e Júlio César França Lima. - Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/ EPSJV, 2008.

22. Merhy EE. A saúde publica como política. São Paulo: HICITEC, 1992.

23. Dejours C. Travail: Usure mentale. Essai de psychopathologie du travail, Paris, Editions du Centurion, 1980.

24. Moreira RJ. Agricultura familiar: processos sociais e competitividade. Rio de Janeiro: Mauad; Seropédica, UERRJ, 1999.

25. Dejours, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5ªed. ampliada. São Paulo: Cortez-Oboré, 1992.

26. Dejours C. A banalização da Injustiça Social. 4ªed. - Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, p.127-145, 2000.

27. Silva Junior AG. Modelos tecnoassistenciais em saúde: o debate no campo da saúde coletiva. 2.ed. São Paulo: HUCITEC, 2006.

28. Aguiar JV. Cultura e dominação de classe: o projecto ideológico pós-modernista e a retracção identitária e política das classes trabalhadoras centrais. Revista PRAIAVERMELHA, Rio de Janeiro / v. 20 nº 1 / p. 95-108 / Jan-Jun 2010. Disponível em: https://www.ess.ufrj.br/praiavermelha/index.php/praiavermalha/article/viewPDFInterstitial/144/96

29. Brasil. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

30. Novaes H M, Paganini JM. Direitos do Paciente. In: Garantia de qualidade: acreditação de hospitais para América Latina e o Caribe. Organização Pan-americana de Saúde; Organização Mundial da Saúde; Federação Latino-americana de Hospitais; Federação Brasileira de Hospitais. SÉRIE/SILOS, n. 13, 1992.

31. Birman J. Psicanálise, ciência e cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

32. Morin E. A noção de sujeito. In: Schnitman, DF. (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas; p. 43-55, 1996.

33. Foucault M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1977.

34. Oliveira BRG, Collet N, Vieira CS. A humanização na assistência à saúde. Rev. Latino-am Enfermagem, março-abril; 14(2): 277-84, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a19.pdf